Comunicação animal ou charlatanismo
Conversar com Cavalos: Intuição, Ciência ou Exagero?
Essa semana me deparei com um perfil que me fez parar para refletir. Trata-se de uma veterinária que afirma conversar com animais, especialmente com cavalos. Mas não é aquela conversa que todos nós temos com nossos bichos – aquele “bom dia” no piquete ou “hoje a gente vai treinar leve, tá?”, que a gente sabe que eles ouvem, mas talvez não compreendam da forma como imaginamos.
Ela afirma que a comunicação que faz é real, inclusive com cavalos que já morreram. E mais: realiza essas conversas de forma online. A pessoa envia uma foto do cavalo, e dali, segundo ela, o animal revela tudo: se gosta ou não do seu humano, se está satisfeito com a modalidade que está praticando, se tem medos, traumas ou desconfortos.
Talvez eu seja cética demais, mas confesso que não consigo acreditar nisso. A ideia de um cavalo, por meio de uma foto, contar sua história diretamente para alguém que nunca o viu ao vivo me parece, no mínimo, difícil de aceitar.
O post dela que chegou até mim falava sobre ondas eletromagnéticas. Segundo ela, os cavalos ficam próximos dos humanos no piquete – mesmo tendo espaço para se afastar – porque o campo eletromagnético deles entra em ressonância com o dos humanos.
Não entendo nada de ondas eletromagnéticas, mas entendo um pouco de comportamento equino. E, pela minha experiência, cavalos se aproximam de nós porque são animais sociais, que vivem em grupo e valorizam a segurança. Quando confiam em alguém, naturalmente vão querer estar por perto.
E se tem algo que eu acredito é que, para escutar os cavalos, não precisamos de dons especiais, nem de portais energéticos. Basta observar. Os gestos, expressões e ações deles são as palavras que devemos aprender a ouvir. Eles falam o tempo todo — com orelhas, olhos, movimento de cauda, com a forma como se aproximam ou se afastam. A comunicação está ali, à disposição de quem se dispuser a olhar com atenção e sensibilidade.
Cavalos não se aproximam apenas por ressonância energética – eles buscam vínculo, leitura corporal, conforto e, principalmente, segurança. Isso não exclui o fato de que muitos de nós sentimos uma conexão com nossos cavalos, mas talvez essa conexão esteja mais ligada ao afeto, à convivência e à comunicação sutil que construímos todos os dias do que a fenômenos metafísicos.
Seja com ou sem ondas, fotos ou telepatia, acredito que a melhor maneira de entender o que um cavalo sente é estar presente, observá-lo e respeitá-lo. Não precisa ser místico. Basta ser atento.
Para os assinantes pagos do Relincho:
No conteúdo extra de hoje, compartilho uma matéria curiosa que fala sobre como os cavalos se comunicam pelos olhos. Um estudo recente levanta a possibilidade de que pequenas expressões faciais revelem muito mais do que imaginamos sobre o estado emocional dos equinos. E o mais interessante: a matéria traz uma imagem comparativa mostrando como ficam os olhos de um cavalo quando está sentindo dor.