Retrospectiva Hípica 2024
Estava aqui revisando os Relinchos de 2024 para preparar uma retrospectiva e me surpreendi ao perceber que os acontecimentos do ano não foram tão positivos quanto eu lembrava. Terminei o ano com a sensação de que ele não havia sido tão ruim, mas ao rever a lista de newsletters que escrevi, percebo que talvez tenha me enganado.
Talvez esse "engano" tenha acontecido porque, neste ano, adquiri um cavalo novo e estou completamente empolgada com ele. Esse novo integrante já conquistou todo o meu amor e trouxe uma energia renovada para minha rotina, o que acabou iluminando meu ano de uma forma especial.
Mas vamos à retrospectiva mais clara, sem os meus olhos embaçados pela empolgação com meu novo cavalo.
1. Valores Altíssimos nos Leilões de Hipismo
O mercado de cavalos de hipismo atingiu patamares surpreendentes em 2024. Muitos leilões bateram recordes de valores, reforçando a relevância desses animais no cenário esportivo global. A busca por cavalos de alta performance trouxe grande visibilidade ao setor, mas também levantou questões sobre acessibilidade e sustentabilidade desse mercado crescente.
No entanto, nos últimos leilões do ano, já foi possível observar uma leve queda nos valores. Talvez o efeito da pandemia, que trouxe um aumento significativo no número de alunos nas escolas de equitação e movimentou o comércio de cavalos, esteja diminuindo. Essa é apenas uma percepção pessoal, e posso estar equivocada.
2. O Surto de Herpes Vírus Equino
Um dos momentos mais desafiadores do ano foi o surto de Herpes Vírus Equino (EHV-1) na Sociedade Hípica Paranaense. O episódio resultou na morte de uma égua, no isolamento de animais, no cancelamento de eventos e em intensos debates sobre biossegurança no hipismo.
Apesar das dificuldades, o surto serviu como um alerta para a necessidade de medidas preventivas rigorosas e destacou como, em alguns casos, a saúde dos cavalos vinha sendo negligenciada.
3. Olimpíadas sem Medalhas para o Brasil
Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o Brasil enfrentou grandes desafios nas modalidades de hipismo e, apesar dos esforços, não conquistou medalhas. No entanto, uma conquista significativa foi o desempenho de Stephan Barcha com a égua Primavera, que alcançaram o 5º lugar. Foi um feito que trouxe esperança e inspiração para o futuro do hipismo brasileiro.
4. A História do Cavalo Caramelo
As enchentes no Rio Grande do Sul trouxeram uma das histórias mais emocionantes do ano. O cavalo Caramelo, que resistiu por dias em um telhado, tornou-se símbolo de resiliência e esperança. Sua luta pela sobrevivência comoveu o Brasil e reforçou a importância da solidariedade e do cuidado em tempos de adversidade.
5. Casos de Maus-Tratos no Hipismo
Infelizmente, 2024 também foi marcado por denúncias de maus-tratos a cavalos no hipismo. Um caso de destaque foi o da amazona olímpica Charlotte Dujardin, que foi filmada utilizando o chicote repetidamente em um cavalo. Esses episódios destacaram a necessidade urgente de reforçar a ética e o compromisso com o bem-estar animal dentro do esporte.
6. Estruturas de Competições
No Brasil, denúncias sobre as péssimas condições oferecidas aos tratadores em competições chamaram atenção para a necessidade de melhorias nas estruturas e na organização dos eventos. Essa situação reforça a importância de um compromisso maior com o bem-estar tanto dos cavalos quanto das pessoas que trabalham nos bastidores do esporte.
Um Final Triste para 2024
Essa retrospectiva já estava pronta quando recebi uma notícia muito triste, que fez com que o ano tivesse um desfecho ainda mais doloroso. O cavaleiro Eduardo Marchezzi faleceu no domingo passado.
Renomado e extremamente querido, Duda, como era conhecido, foi um cavaleiro e instrutor brilhante, com uma trajetória marcante, especialmente em Ribeirão Preto, sua terra natal, e na Sociedade Hípica Paranaense, onde atuou por cerca de duas décadas. Ele não era apenas um excelente profissional, mas também uma pessoa gentil e especial, que conquistava a todos ao seu redor.
Duda foi meu professor de salto e um grande amigo. Passei o dia acompanhando as inúmeras homenagens nas redes sociais, e isso me trouxe algum conforto, pois mostra o quanto ele era respeitado e amado. Ver tantas pessoas do hipismo se despedindo com tanto carinho é uma prova de como ele marcou a vida de quem teve a sorte de conhecê-lo.
Tenho tantas memórias preciosas dele. Lembro do primeiro Campeonato Brasileiro em que subi ao pódio, foi com ele me instruindo e apoiando. Foi ele quem me ajudou a escolher o Mufassa como meu cavalo, uma decisão que mudou minha jornada no hipismo. Mesmo sendo do salto, ele me apoiou incondicionalmente quando decidi migrar para o adestramento. Apesar de perder uma aluna, ele nunca hesitou em reconhecer o que seria melhor para mim e para meu cavalo.
Também me recordo de quando escrevi no meu blog Hipismo&Co sobre um caso polêmico envolvendo profissionais da minha hípica. Naquele momento, Duda foi um dos poucos que veio falar comigo. Ele me disse que muitos estavam bravos, mas que ele me apoiava, porque sabia que eu estava certa na minha opinião. Esse era o Duda: leal, honesto e sempre disposto a apoiar quem ele acreditava.
Ele foi, de fato, "o cara". Sua partida precoce é um golpe duro para todos que o conheceram. Como diz aquela frase clichê, "a vida é um sopro", e o Duda passou pela vida soprando positividade, amizade e aprendizado para todos do hipismo. Ele ficará na história do esporte e, principalmente, no coração de todos que tiveram a honra de conhecê-lo.
Descanse em paz, querido Dudinha
Abaixo, compartilho duas fotos que tirei dele durante provas em Curitiba. E, como ele costumava dizer: “IT’s…”
Que em 2025 possamos vivenciar momentos melhores e que os Relinchos venham repletos de notícias positivas. Desejo a todos vocês, meus leitores, um Feliz Natal e um próspero Ano Novo. Espero que no próximo ano continuemos juntos nessa jornada!